A importância dos simulados na preparação para os concursos

Preparar-se para um concurso ou vestibular é uma tarefa que exige mais do que domínio de conteúdo. Conhecer a estrutura da prova, estabelecer estratégias de resolução e desenvolver o autocontrole emocional também são pontos fundamentais para um bom desempenho nos processos seletivos. Por isso, a realização de simulados constitui uma ação indispensável para que os candidatos tenham um bom preparo ao longo dos meses de estudo.

Como o próprio nome indica, simulados são provas que simulam ou se aproximam ao máximo da experiência real do concurso para o qual um estudante está se preparando. É por meio deles que os candidatos poderão testar seus conhecimentos sobre os diferentes assuntos do conteúdo programático, controlar o tempo gasto na resolução das questões, autoconhecer-se em relação à ansiedade e outros fatores de ordem emocional, mapear disciplinas ou conteúdos que são mais desafiadores etc. 

Elencamos abaixo três motivos que justificam a importância dos simulados na preparação para os diferentes concursos e vestibulares:

No livro “Aprender a Aprender”, a autora Barbara Oakley reforça a importância de evitar as chamadas “ilusões de competência”. Basicamente, quando lemos um capítulo da apostila, fazemos resumos, assistimos a uma videoaula ou destacamos partes importantes de um texto, temos a (falsa) sensação de que aprendemos sobre aquele assunto. Contudo, após algumas horas ou dias, percebemos que grande parte do que foi estudado já “caiu no esquecimento”. 

Por esse motivo, os simulados permitem que os estudantes superem essas ilusões e tenham real compreensão do que aprenderam ou não. A realização constante de simulados permite que seus conhecimentos sejam colocados à prova, além de resgatar constantemente assuntos que foram estudados há algum tempo, colaborando para a formação de uma memória permanente.  

Ao falar sobre a dinâmica da prova, podemos olhar para duas frentes: estrutura (quantidade e perfil de questões) e tempo. Além disso, a forma como a pontuação é contabilizada e o tipo de curso que o candidato almeja também são fatores que impactam a dinâmica da prova de alguns concursos.

Quando olhamos para o Enem, por exemplo, temos dois dias de aplicação com 90 questões objetivas cada e uma produção textual. Já a Fuvest trabalha uma primeira fase, com 90 questões objetivas, e uma segunda fase dividida em dois dias, com questões gerais e específicas dissertativas. O mesmo cenário acontece com concursos de acesso ao nível médio e técnico no Rio de Janeiro: o IFRJ possui fase única, com 30 questões, e o CEFET/RJ tem o processo seletivo dividido em duas fases, contemplando 40 questões objetivas na primeira e 10 questões discursivas e uma produção textual na segunda.

Como podem perceber, cada concurso possui uma dinâmica de prova diferente e, por consequência, estratégias diferentes precisam ser empregadas. No Enem, como o cálculo da nota é via TRI (Teoria de Resposta ao Item), o candidato precisa passar por todas as questões, garantindo coerência pelo acerto das mais fáceis. Na primeira fase da UERJ, os candidatos têm a preocupação de acertar um percentual de questões que garanta o conceito A da prova. Quando falamos sobre o Colégio Pedro II, os estudantes precisam conciliar a produção de uma redação com questões de português e matemática. 

Diante dos exemplos expostos, podemos fazer algumas análises importantes. Se há uma redação a ser feita, isso exigirá, dependendo do contexto, uma hora do tempo de prova. Se tiverem só questões objetivas, é necessário ter um padrão de tempo por questão (2, 3, 4 minutos) e separar um momento para o preenchimento do cartão-resposta. Dependendo do curso, o peso em algumas áreas do conhecimento é maior do que em outras, o que exige atenção especial. Em questões dissertativas, é preciso se preocupar com a clareza do desenvolvimento das questões.  

Por meio dos simulados, os estudantes conseguem obter um bom conhecimento sobre a dinâmica das provas e as estratégias que precisarão ser adotadas na resolução das questões e no controle de tempo. Lembrando que o melhor tipo de simulado são as provas anteriores dos concursos, pois elas foram produzidas diretamente pelas bancas e são a principal referência para o processo seletivo subsequente. 

Mais importante do que o momento do simulado em si, é o que fazer com o resultado e o desempenho que se obteve. Não basta só fazer o simulado por fazer, é necessário analisar os erros e acertos, as dificuldades que teve durante a aplicação e estabelecer um plano de ação para melhorar

Se o seu desempenho em matemática foi muito baixo, por exemplo, você pode reformular a sua grade de estudos dando maior prioridade para a disciplina. Outro fator importante é refletir se o seu tempo de estudo pode ser otimizado, se está adotando métodos eficazes ou se precisa mudar a forma como está estudando os conteúdos. Além disso, uma boa avaliação da gestão de tempo de prova permitirá a compreensão sobre quanto tempo você está gastando em determinadas disciplinas e se isso está impactando o seu rendimento. 

É preciso olhar também para a experiência durante o simulado: ficou ansioso? Algum fator externo influenciou o seu desempenho? A fome durante a aplicação atrapalhou? Sentiu muito sono? Esses são elementos de ordem física e mental que podem ser trabalhados também. Se você sentiu fome, é importante levar para o próximo simulado um alimento que consiga suprir essa necessidade. Se o que te impactou foi o sono, é necessário dormir melhor antes da prova. Caso a ansiedade tenha surgido, você precisa fazer um processo de autoconhecimento para tentar amenizar essa situação: testar técnicas de respiração, buscar a ajuda de um profissional da área de saúde e outras ações possíveis. 

A partir dos três motivos apresentados, esperamos que você valorize a prática de simulados, priorizando a sua realização dentro da rotina de estudos. Deixar de fazer um simulado é desprezar uma oportunidade de aperfeiçoar o seu processo de preparação e, futuramente, impactar o seu desempenho nos concursos.

 

Escrito por: Lucas Vieira – Professor e Coordenador do Ensino Fundamental Anos Finais

Escrito por:
Louise Delia


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